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Contexto
Com os EUA em um impasse cada vez maior com a China, a presença militar estadunidense na Ucrânia e a crise Rússia-Ucrânia delineada, a reunião de 4 de fevereiro em Beijing entre Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin despertou muita atenção na China e fora dela. Durante essa reunião, Xi enfatizou "[O] compromisso entre a China e a Rússia de aprofundar a coordenação estratégica e manter equanimidade internacional e justiça lado a lado diante das mudanças profundas e complexas na situação internacional". Em seu artigo, Yu Bin compara e analisa as diferenças entre a política externa dos EUA em relação à Rússia e à China, explicando por que é tão importante manter as relações sino-russas.
Pontos-chave
- A posição austera dos EUA em relação à China deriva não apenas do chamado consenso bipartidário, mas também de um subconsciente social bastante arraigado e racializado.
- O establishment estadunidense nunca desistiu de seus esforços para trazer a Rússia de volta à órbita ocidental. Desde o colapso da União Soviética, todos os presidentes dos EUA iniciaram seu mandato com uma "reinicialização" das relações com a Rússia, em paralelo a um processo de estagnação, regressão e deterioração das relações EUA-China.
- A ponderação política do establishment dos EUA é enfraquecer e dividir o máximo possível a relação sino-russa e, assim, retornar a uma posição dominante no jogo entre os três países.
- Alguns políticos dos EUA têm apontado que a competição sino-estadunidense é uma luta entre duas civilizações e duas raças, algo que os EUA nunca enfrentaram antes. A rivalidade com a União Soviética durante a Guerra Fria foi, de certa forma, uma "luta dentro da família ocidental" (Kiron Skinner).
- As comunidades acadêmicas e políticas dos EUA sempre "valorizaram a Rússia em detrimento da China". Entre os principais formuladores de políticas de Segurança Nacional e Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos, existem muitos especialistas na União Soviética, tais como Henry Kissinger, Zbigniew Brzezinski e Condoleeza Rice. No entanto, os especialistas estadunidenses em China nunca subiram ao topo da hierarquia da elaboração de políticas públicas.
- Diante das táticas de supressão e desassociação dos EUA, a China e a Rússia precisam permanecer vigilantes. A Rússia e a China excluíram amplamente fatores ideológicos de suas relações bilaterais e estão, de fato, defendendo o moderno sistema de Estados soberanos baseado na não interferência nos assuntos internos de outros países.
Resumo
De acordo com Bin, uma das razões fundamentais para os EUA tratarem a China e a Rússia de maneira diferente é o nível de "ameaça" que cada país representa para os estadunidenses. A China é vista como uma ameaça a longo prazo, abrangente e estratégica para os EUA, enquanto a Rússia é considerada um "problema" de curto prazo, regional e relacionado à segurança. É provável que os EUA não desistam dos esforços para minar as relações sino-russas. Portanto, a China não deve menosprezar o melhor momento da parceria estratégica sino-russa da história, continuando, ao invés disso, a melhorar as relações econômicas entre os dois países, bem como a fortalecer os laços entre os dois povos.
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Contexto
Em 27 de janeiro, Qin Gang, embaixador chinês para os EUA, foi entrevistado pela "Morning Edition" da NPR sobre os Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing, Xinjiang e Taiwan, relações EUA-China, e outros assuntos. A entrevista foi conduzida por Steve Inskeep, da NPR.
Pontos-chave:
- Para garantir um evento simples, seguro e esplêndido, os Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing incluem um mecanismo "de circuito fechado" de prevenção da pandemia para atletas e pessoal, além de energia verde em todas as instalações, tecnologia avançada de produção de gelo e emissões quase nulas de carbono.
- Se você quer saber se um país tem liberdade e direitos humanos, então tem que perguntar ao povo desse país. Pesquisas realizadas tanto pela Harvard Kennedy School quanto pelo Edelman mostram que mais de 90% do povo chinês está satisfeito com seu governo.
- No caso de Xinjiang, as pessoas que violam a lei são levadas à justiça e algumas enfrentam a prisão. Para aqueles que são influenciados pela ideologia extremista, o governo chinês criou centros de educação e treinamento para fornecer formação em idiomas, legal e profissionalizante, permitindo-lhes ganhar a vida decentemente e evitando que sejam arrastados para o extremismo e o separatismo.
- A população uyghur mais que duplicou de tamanho nos últimos 40 anos; a expectativa média de vida nos últimos 60 anos aumentou de 30 para 72. Os chamados "genocídios" ou "trabalhos forçados" são mentiras construídas para fins políticos.
- O público chinês tem amplo acesso à informação com mais de um bilhão de usuários da internet, a qual o governo chinês regulamenta para proteger o interesse público. O governo consulta o público antes de cada grande decisão e tem múltiplos canais para coletar e ouvir a opinião pública e as críticas.
- A questão de Taiwan é o "maior barril de pólvora" entre os EUA e a China. Se as autoridades taiwanesas continuarem a pressionar pela "independência de Taiwan" com o apoio dos EUA, é provável que isso atraia as duas maiores potências para o conflito militar.
Resumo
De acordo com Qin Gang, as relações sino-estadunidenses estão em um momento desafiador. O povo chinês, incluindo seus líderes, acredita que esta relação bilateral é uma das mais importantes, e a China está disposta a promover ativamente sua melhoria. O princípio de "uma China única" é o fundamento político desta relação, e evitar a guerra e o conflito é o maior denominador comum entre os EUA e a China. Ambos os lados devem trabalhar juntos para deter as forças da "independência de Taiwan" e promover a reunificação pacífica através do Estreito de Taiwan.
Contexto
Em 2021, o número de recém-nascidos na China foi de 10,62 milhões, um aumento líquido de apenas 480.000, o menor desde 1962. Muitos economistas acreditam que a vantagem demográfica da China, uma das importantes forças propulsoras do crescimento do país nos últimos 40 anos, pode acabar em breve, e isso terá um impacto negativo sobre seu crescimento a longo prazo. Em uma entrevista recente, Justin Lin Yifu contra-argumenta que o declínio da população não terá nenhum impacto sobre as perspectivas econômicas do país asiático.
Pontos-chave
- O declínio geral da taxa de crescimento populacional dificilmente influenciará a economia no curto prazo. É o crescimento ou declínio da população em idade ativa de trabalhar que contribui ou diminui o crescimento econômico. Poderia levar 15 anos até que uma taxa de natalidade em declínio levasse a uma diminuição da força de trabalho da população em idade ativa de trabalhar.
- A longo prazo, o que importa para o crescimento econômico não é o volume da força de trabalho, mas sim a sua qualidade. A China pode eliminar o impacto negativo sobre uma força de trabalho em declínio por meio da educação.
- Elevar a idade da aposentadoria é outra maneira de lidar com a escassez de trabalhadores. Na China, a idade de aposentadoria é de 60 anos para homens e 55 para mulheres, ao passo em que 65 anos é a média global.
- Dentro de 15-20 anos, a economia da China dependerá principalmente de indústrias de capital e tecnologia, que exigem menos trabalhadores do que as indústrias de mão-de-obra intensiva.
Resumo
Além das pressões populacionais, há outros fatores que afetam a economia da China em 2022. Nos próximos meses, muitos países terão que enfrentar a pressão proveniente dos aumentos das taxas de juros do Federal Reserve dos EUA. Lin afirma que a China está mais bem preparada do que outros países em desenvolvimento para mitigar o risco de saída de capital devido às suas vantagens na gestão de fluxos de capital de curto prazo e a suas enormes reservas em moeda estrangeira. Como uma economia em recuperação, a China ainda tem um enorme espaço para expansão. Por exemplo, o governo pode implementar uma política fiscal proativa para melhorar tanto a infraestrutura digital quanto a urbana, e ao mesmo tempo usar uma política monetária mais flexível para alavancar o investimento privado na modernização de indústrias e na inovação. Lin acredita que esses movimentos estabilizarão o crescimento da China em 2022.
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Contexto
Em janeiro deste ano, um documentário anticorrupção de cinco episódios denominado "Tolerância Zero", produzido conjuntamente pela Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCDI) e a mídia estatal CCTV, se tornou viral na internet. Desde o 18º Congresso do Partido Comunista em 2012, o Presidente Xi Jinping lançou a campanha anticorrupção. O documentário destacou 16 casos detalhados mostrando a atitude de "tolerância zero" do PCCh em relação à corrupção e sua determinação de lutar contra ela. Um caso típico é sobre Zhou Jiangyong (周江勇), ex-membro do Comitê Permanente do PCCh da Província de Zhejiang e ex-secretário do Comitê Municipal do Partido de Hangzhou, sede da gigante tecnológica chinesa Alibaba. Uma acusão notável é que ele "conspirou com o capital e apoiou sua expansão desordenada".
Pontos-chave
- Como um quadro de alto escalão promovido após o 18º Congresso do Partido Comunista, Zhou serviu como o Primeiro-em-Comando (一把手 yī bǎ shǒu) nas cidades de Zhoushan, Wenzhou e Hangzhou em Zhejiang, mas foi gradualmente corrompido pelo poder.
- Zhou se envolveu na corrupção familiar, usando seu poder público para ajudar seu irmão Zhou Jianyong(周健勇) com seus negócios. Zhou Jiangyong usou sua influência para obter terras gratuitas para a companhia que seu irmão fundou. Ao trocar poder por dinheiro, eles receberam mais de 7 milhões de yuan como recompensa lucrativa.
- Depois de assumir o cargo do Secretário do Comitê Municipal de Partido da cidade de Zhoushan, Zhou Jiangyong ajudou vários empresários a lograr contratos de projeto usando seu irmão como "firewall" para escapar da supervisão. Entre 2013 e 2017, Zhou Jianyong recebeu mais de 90 milhões de yuan em "comissões" de Shi Shihong, um homem de negócios.
- Com a ajuda de Zhou Jiangyong, seu irmão cofundou uma empresa de tecnologia e investiu em projetos de pagamento móvel para o transporte metroviário. Algumas empresas compraram ações desta companhia de tecnologia a preços obviamente inflacionados, enquanto Zhou Jiangyong as ajudou a obter tanto terras a baixo preço como políticas preferenciais.
- Em agosto de 2021, Zhou Jiangyong foi submetido à investigação depois de muitas pessoas haverem denunciado seus crimes de corrupção ao governo. No dia 26 de janeiro de 2022, ele foi expulso do Partido e dos órgãos públicos.
Resumo
A narração do documentário diz que o PCCh está consciente do fato de que o maior desafio para a liderança abrangente e de longo prazo do Partido é a supervisão do poder. O poder público deve pertencer ao povo e assegurar o bem-estar do povo. O documentário cita Xi Jinping ao dizer: "A luta entre a corrupção e os esforços anticorrupção continuará a existir por um longo período ainda por vir… devemos estar cientes das dificuldades e seguir em frente".
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Contexto
Desde a Insurreição de Nanchang (南昌起义 nánchāng qǐyì), em 1927, até a fundação da Base Revolucionária na Montanha Jinggang (井冈山 jǐnggāngshān), entre 1927 e 1929, o Partido Comunista da China (PCCh) explorou gradualmente um caminho revolucionário diferente das revoltas armadas urbanas da Revolução Russa de 1917. Esse novo caminho foi definido pela realidade chinesa e marcou o capítulo inaugural do Marxismo na China. Em 1924, sob a orientação da Terceira Internacional (Comintern), o Partido Kuomintang (KMT) e o PCCh cooperaram para lançar a Grande Revolução Chinesa (1925-1927大革命dà gémìng) para derrubar as potências imperiais e os caudilhos militares de Beiyang (北洋军阀 běiyáng jūnfá). Entretanto, em 1927, o KMT desertou e os comunistas foram massacrados. Em seu artigo, Shi Zhongquan explica em detalhes como, após o fracasso da Grande Revolução Chinesa, o PCCh devastado encontrou outra saída, levando a uma reviravolta na sinicização do Marxismo.
Pontos-chave
- A Insurreição de Nanchang de 1º de agosto de 1927 foi o início da resistência armada do PCCh ao KMT e da liderança independente da Revolução Chinesa por parte dos comunistas, o que levou à criação do primeiro exército popular (人民军队 renmín jūnduì).
- Após a Grande Revolução Chinesa (1925-1927) e sua derrota, e no proveito da experiência histórica das revoltas camponesas na China antiga, a ideia de "ir para as montanhas" foi discutida dentro do Partido e gradualmente se tornou uma prática. Depois da fracassada Revolta da Colheita de Outono, liderada por Mao Zedong em outubro de 1927, Mao se dirigiu para a Montanha Jinggang, na fronteira entre as províncias de Hunan e Jiangxi. Ali se formou a ideia de Mao de um "regime independente de operários e camponeses armados" (工农武装割据 gōngnóng wǔzhuāng gējù).
- Na Montanha Jinggang, também se desenvolveram as teorias do exército popular e da orientação militar, enfatizando a liderança política e ideológica do Partido sobre o exército, defendendo a implementação de um sistema democrático dentro da tropa, e estabelecendo as "três disciplinas principais" (三大纪律 sān dà jìlǜ) e "oito pontos de atenção" (八项注意 bā xiàng zhùyì) , uma doutrina militar que incluía uma série de regras que exigiam altos padrões de comportamento e respeito pelos civis durante a guerra. Isso pode ser considerado o protótipo da teoria militar marxista sinicizada.
- Em abril de 1928, na área de base se lançou uma revolução fundiária em grande escala e se formulou a primeira lei da terra do Partido: a Lei da Terra da Montanha Jinggang (井冈山土地法 jǐnggāngshān tǔdì fǎ), que foi pioneira para a reforma agrária com características chinesas.
- Na Montanha Jinggang, Mao Zedong propôs pela primeira vez a importância da construção ideológica do Partido, ou seja, todos os membros do PCCh devem estar munidos da ideologia proletária, o que foi um passo importante na sinicização da teoria marxista em termos da construção do Partido.
Resumo
A Base Revolucionária da Montanha Jinggang foi a primeira a ser liderada pelo PCCh e existiu durante 15 meses, abrindo uma nova direção para a revolução chinesa. Outras bases revolucionárias lideradas por Fang Zhimin no nordeste de Jiangxi, He Long no oeste de Huanan e Hubei, e Li Wenlin no sudoeste de Jiangxi também contribuíram para a criação do Marxismo sinicizado. É o auge da sabedoria coletiva de todo o Partido, com Mao Zedong como seu principal criador, juntamente com as contribuições de Zhu De, Chen Yi, Zhou Enlai, e outros revolucionários de geração mais velha.
(O “Vozes Chinesas” continuará a interpretar o contexto histórico e a lógica de desenvolvimento da sinicização do Marxismo)
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