N.º 55 | 07.08.2022
BRICS – Pavimentar caminhos, não construir muros [China Daily]
O significado da 14ª Cúpula dos BRICS nesta Conjuntura Crucial
Xú Bù (徐步)
Xu Bu é o Diretor e Secretário do Comitê do Partido do Instituto de Estudos Internacionais da China em Pequim, e membro do Comitê Consultivo de Alto Nível do Secretário-Geral das Nações Unidas.

Contexto:

O futuro da sociedade humana chegou a um ponto crítico, pois a recuperação econômica mundial desde a pandemia de Covid-19 tem sido extremamente irregular e desigual, e as questões de segurança se tornaram mais urgentes. Nesse contexto, o mecanismo dos BRICS tem demonstrado resiliência e vitalidade, e a cooperação tem feito progressos positivos e alcançado muitos resultados. Em 23 de junho, a 14ª Cúpula dos BRICS foi realizada de forma virtual com a China como presidente rotativo. Em entrevista com Guancha, Xu Bu explica os papéis únicos e construtivos que os países dos BRICS poderiam desempenhar na conjuntura crítica de hoje. Ele discorda dos pontos de vista críticos de alguns meios de comunicação ocidentais, segundo os quais os BRICS teriam “perdido o encanto”.

Pontos-chave:

  • As razões pelas quais os BRICS podem desempenhar um papel único e importante podem ser resumidas da seguinte maneira: 1) os BRICS enfrentam desafios de segurança globais tradicionais e não tradicionais, apoiam um multilateralismo genuíno e se opõem à hegemonia; 2) os BRICS se tornaram uma parceria de desenvolvimento através da cooperação mútua em logística e energia, e da estreita coordenação nas cadeias de abastecimento e produção; portanto, essa plataforma é capaz de administrar os riscos de choques externos; 3) os BRICS são pioneiros no campo da cooperação inovadora no Sul Global; e 4) os BRICS promovem a melhoria da governança global existente de forma a ser mais inclusiva e amigável com os países em desenvolvimento.
  • A plataforma de cooperação dos BRICS não mostra sinais de "rachaduras" ou de "perda de brilho". Isso fica demonstrado pelos seguintes pontos: 1) Todos os países dos BRICS estão lidando com o déficit de governança global e querem tornar esse sistema mais eficaz. Por exemplo, seu Novo Banco de Desenvolvimento aprovou mais de 80 projetos de investimento no valor total de US$30 bilhões; 2) todos os países BRICS têm no desenvolvimento econômico sua prioridade; 3) todos eles apoiam a tendência da multipolaridade no sistema mundial e apoiam a democratização da política internacional opondo-se à política hegemônica; 4) os BRICS estão no processo de incorporação da "nova economia digital"; todos eles querem aproveitar as oportunidades de inovação trazidas pela revolução tecnológica em desenvolvimento. Cada país dos BRICS tem seu próprio sistema de educação sólida e diferentes capacidades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. A diversidade e a estrutura básica da plataforma BRICS oferecem um importante espaço para a cooperação em apoio financeiro, novas formas de energia, transferência de tecnologia e digitalização.
  • Nessa conjuntura única, os BRICS estão se tornando cada vez mais influentes internacionalmente, e muitos países em desenvolvimento esperam se somar. O BRICS+ é um conceito inovador que abre possibilidades para expandir a plataforma de cooperação, ajudando assim a resolver as necessidades de desenvolvimento global. Apesar da propaganda da mídia ocidental, as economias dos BRICS continuarão a encontrar seu caminho para alcançar o desenvolvimento sustentável.
  • Olhando para o futuro, os principais pontos de cooperação dos BRICS são os seguintes: primeiro, promover o desenvolvimento agrícola nos países membros e contribuir para os objetivo globais de erradicação da pobreza e de fome zero; segundo, promover o comércio e os investimentos de modo a desempenhar um papel de liderança no desenvolvimento sustentável e verde global; terceiro, fortalecer a cooperação no campo da ciência e tecnologia e criar uma reserva de talentos para uma maior colaboração, a fim de desenvolver ainda mais a inovação e o empreendedorismo; quarto, fortalecer a cooperação no campo das finanças e enfraquecer a hegemonia do dólar dos Estados Unidos; e quinto, fazer avançar o intercâmbio e a cooperação interpessoal e cultural.
Como o Partido Comunista da China (PCCh) se renova e se aprimora?
Huáng Píng (黄平)
Huang Ping é pesquisador sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS); nela, ele já foi diretor do Instituto de Estudos Europeus e diretor do Instituto de Estudos Americanos. Sua principal área de pesquisa é a sociologia política e a política internacional da China.

Contexto:

Já se passaram 100 anos desde a fundação do PCCh e, sob sua liderança, a China produziu um "milagre" econômico que atraiu a atenção mundial. Em entrevista ao Economic Herald em julho passado, Huang Ping fez uma análise profunda sobre a história de como o PCCh desenvolveu sua prática de autorrenovação e autorrevolução, e sobre como essas boas práticas permanecem até hoje.

Pontos-chave:

  • Os partidos políticos ocidentais representam em geral os interesses de um determinado grupo de pessoas ou classe social. A natureza e os programas dos partidos mudam com bastante frequência, geralmente em resposta ao ambiente político. O PCCh, por outro lado, não é uma associação ou agrupamento paroquial, e não representa os interesses particulares de apenas um determinado segmento da população. Desde a fundação do partido em 1921 até o estabelecimento da República Popular da China em 1949, o PCCh passou por 28 anos de guerra e revolução, formando uma organização altamente disciplinada e treinada de membros do partido com rica experiência.
  • Xi Jinping, o Secretário Geral do PCCh, enfatizou nitidamente, em seu discurso comemorativo do centenário do partido, em 1° de julho de 2021, que "o PCCh… não tem seus próprios interesses especiais e nunca representa os interesses de qualquer grupo específico, estabelecimento, ou de qualquer classe privilegiada".
  • Assim, o PCCh é um novo tipo de partido político. Mas é preciso fazer um trabalho muito melhor de comunicação para o resto do mundo sobre o sistema teórico e a prática do PCCh, para que seja bem conhecido e compreendido.
  • Ao longo de sua longa e difícil história, o PCCh desenvolveu uma caixa de ferramentas madura, na qual os elementos mais importantes são: 1) a busca da verdade a partir dos fatos (实事求是), 2) a linha das massas (群众路线), e 3) a autoconfiança e independência (自力更生). Durante os anos da guerra revolucionária, o Partido também desenvolveu três grandes formas de trabalho: "vincular teoria e prática, manter laços estreitos com as massas, e crítica e autocrítica". A constante reafirmação desses "três elementos" e "três estilos" fornece uma guia e confiança para o atual processo de autorrevolução e autorrenovação do PCCh.
  • Após o nascimento da Nova China, o Ocidente recorreu a uma subversão política "pacífica" do Estado liderado pelo PCCh, esperando poder influenciar a próxima geração da China. Naquela época, Mao Tse Tung e outros líderes do PCCh sempre se concentraram na educação ideológica dos membros do Partido para impedir o "caminho da subversão pacífica". Hoje, na nova era, o PCCh sob a liderança de Xi herda esses ensinamentos; eles enfatizam a "manutenção da nossa missão revolucionária de maneira firme na mente", mantendo o caráter político do Partido, e levando adiante a linha de massas de modo a exigir que todos os membros cumpram os requisitos de entrada e adiram aos padrões e normas de comportamento definidos pela constituição do Partido.
  • Para garantir a conexão do partido com o povo, o PCCh sempre realizou ativamente críticas e autocríticas dentro de sua vida democrática. Isso não pode ser entendido como uma espécie de luta de poder político ao estilo ocidental, e muito menos como uma batalha pessoal. É antes uma análise crítica e reflexões sobre tendências que ignoram o propósito do Partido, interpretam mal as políticas políticas e, portanto, prejudicam os interesses gerais do país.
  • O PCCh é uma organização de aprendizado que mantém uma discussão aberta internamente entre seus membros e externamente entre o PCCh e o povo. Ele constantemente avalia e elabora as lições tanto de seus sucessos quanto de seus fracassos. Através do aprendizado, ele reconhece problemas e encontra lacunas, adere à verdade e corrige seus erros. Na verdade, esse é o segredo da vitalidade do PCCh — o constante esforço para melhorar o conhecimento e a prática.

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