Pan Jianglong (潘江龙), Ao leste do Saara (撒哈拉以东), 2017. Técnica mista sobre tela, 120 x 120 cm. Crédito: Fundo Nacional de Arte da China.

O caminho africano para a industrialização: como a China pode contribuir para o desenvolvimento econômico do continente?

Zhou Jinyan

Zhou Jinyan (周瑾艳) é professora assistente na Academia de Governança Global e Estudos de Área de Xangai (SAGGAS, pela sigla em inglês), da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai (SISU). Suas pesquisas recentes têm como foco principal os caminhos de desenvolvimento africano e a comparação entre a cooperação chinesa e ocidental para o desenvolvimento da África. Ela realizou pesquisa de campo em Angola, Etiópia, Tanzânia e Ruanda.

O artigo “O caminho africano para a industrialização: como a China pode contribuir para o desenvolvimento econômico do continente?” (中国方案与非洲自主工业化的新可能) foi originalmente publicado em fevereiro de 2019, no número 1/2019 da Wenhua Zongheng (文化纵横).

Desde que conquistaram a independência, os países africanos têm sido incansáveis em sua busca por industrialização, visando superar sua situação de dependência na ordem econômica global. Em 1989, a Organização da Unidade Africana (precursora da União Africana) e, em seguida, a Assembleia Geral das Nações Unidas declararam o 20 de novembro como o Dia da Industrialização da África para incentivar a conscientização e cooperação internacional em apoio à industrialização africana. Infelizmente, essas aspirações ainda não foram alcançadas.

O desenvolvimento econômico do continente tem passado por processos importantes no século XXI. As relações entre a África e as economias emergentes, incluindo a China, se desenvolveram rapidamente, alterando a posição estratégica do continente na globalização. Entre 2000 e 2014, um período de altas taxas de crescimento levou ao surgimento de uma narrativa sobre “o crescimento africano” na mídia ocidental. A imagem da África se transformava, de um “continente de desespero” em um “continente repleto de esperança”.[1] No entanto, por trás das representações de ascensão da África, os números permaneceram desanimadores. Em 1970, a participação da África na manufatura global era de 3% e, em 2014, a participação havia caído para menos de 2%. Enquanto isso, em 2017, em toda a África Subsaariana, a participação da indústria manufatureira no Produto Interno Bruto (PIB) girava em torno de 10%, percentual semelhante ao da década de 1970. Com exceção de alguns países, como a África do Sul, Egito, Nigéria e Marrocos, a taxa de crescimento industrial na maior parte dos países africanos tem sido inferior à taxa de crescimento econômico geral. Em suma, a África tem experimentado crescimento sem industrialização. Suas altas taxas de crescimento econômico são resultado do aumento da demanda e dos preços de recursos naturais, o que as torna insustentáveis.

Partindo de uma análise das experiências da África em direção à industrialização, esse artigo pretende responder a três questões. Por que as décadas de ajuda ocidental não promoveram a industrialização africana? Quais foram as experiências realizadas pelos países africanos em seus caminhos rumo à industrialização? E, finalmente, como aprendiz e parceira no caminho da industrialização, como a China pode contribuir com a industrialização da África?

O fracasso do receituário ocidental para o desenvolvimento

Na década de 1960, os Estados africanos, recém independentes, iniciaram seu caminho de desenvolvimento industrial. Após seis décadas, no entanto, eles ainda não conseguiram concretizar a industrialização. As explicações mais comuns costumam responsabilizar fatores endógenos pelos baixos níveis de desenvolvimento no continente, tais como o clima, a geografia, a diversidade étnica e a cultura. No entanto, essas explicações não consideram que tais questões existem, de uma forma ou de outra, em todos os países que hoje são desenvolvidos.[2] Além disso, em geral os impactos históricos e atuais da intervenção ocidental no continente são reduzidos ou ignorados. O colonialismo transformou a África em uma fonte de matéria-prima para os poderes imperialistas e em um depósito de mercadorias, produzindo subdesenvolvimento em diversos aspectos. Por exemplo, os governos coloniais criaram sistemas educacionais focados em treinar funcionários para auxiliar a administração das colônias, ao invés de formar cientistas e engenheiros. Nas décadas recentes, as receitas e modelos fracassados impostos pelo Ocidente à África também tiveram impactos negativos no desenvolvimento do continente.

Uma série de disputas em torno dos papéis que o Estado e o mercado deveriam ter no desenvolvimento econômico marcaram o debate ocidental. Durante a primeira metade do século XX, economistas ocidentais influentes, entre eles John Maynard Keynes, propuseram teorias incentivando os governos a fortalecer seu papel de regulação e intervenção na economia. Tais políticas foram amplamente implementadas na Europa ocidental e nos Estados Unidos, até a década de 1970 e início dos anos 1980, quando a intervenção estatal passou a ser desacreditada e o liberalismo econômico favorecido. Os países ocidentais passaram a considerar que os modelos econômicos liderados pelo Estado não eram mais sustentáveis e começaram a implementar as políticas neoliberais. Tais políticas incluíam a privatização de empresas estatais e de instituições públicas, assim como a redução do gasto público.[3] O Ocidente também usou a força para impor políticas neoliberais em grande parte do mundo e, com frequência, testou suas ideias neoliberais em países do Sul Global, incluindo os países da África, impedindo sua busca por industrialização. A imposição da ideologia e das teorias econômicas ocidentais impediram que os países africanos formulassem estratégias de desenvolvimento adequadas às suas condições nacionais.[4]

Nos anos 1960 e 1970, os países africanos implementaram uma variedade de estratégias de desenvolvimento lideradas pelo Estado. No entanto, o desempenho econômico do continente ficou atrás de outras regiões em desenvolvimento. Os modelos de desenvolvimento liderado pelo Estado foram responsabilizados não apenas pelo crescimento econômico lento, como também pela corrupção e ineficiências governamentais. Junto com as crises cambiais que afetaram a maioria dos países africanos durante os anos 1980, estes não viram alternativa a não ser recorrer às instituições de Bretton Woods, aceitando os programas de ajuste estrutural impostos pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial. Durante as décadas seguintes, a onda de liberalização econômica, privatizações e desregulação varreu toda a África. Orientados pelo receituário neoliberal do Ocidente, os países africanos foram essencialmente desindustrializados, o que significou um retrocesso em muitos dos avanços das décadas anteriores. As políticas de laissez-faire não trouxeram desenvolvimento e prosperidade para a África. Nos anos 1960 e 1970, a renda per capita de países da África Subsaariana cresceu em uma taxa anual de 1,6%. Entre 1980 e 2004, a renda per capita decresceu 0,3% ao ano.[5]

Na primeira década do século XXI, a maioria dos países africanos experimentou um rápido crescimento econômico devido ao boom das commodities. No entanto, sob o neoliberalismo e como consequência da ausência de estratégias de industrialização, poucos países conseguiram alcançar transformações econômicas estruturais e avanços tecnológicos. Durante esse período, o Banco Mundial e os países ocidentais doadores mudaram o foco de sua Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) da África para “melhorar o ambiente de negócios”, ou seja, para promover reformas favoráveis ao setor privado. Segundo eles, isso conduziria ao desenvolvimento industrial.[6] De acordo com uma pesquisa realizada pela Brookings Institution em oito economias subsaarianas, essa agenda de ajuda foi “mal implementada e insuficiente”.[7] De fato, as reformas que visam aprimorar o ambiente de negócios são inadequadas para resolver os desafios enfrentados pelas economias africanas na concorrência industrial global. Além disso, mesmo em países africanos de baixa renda, com ambientes de negócios extremamente frágeis, o crescimento rápido pode ser alcançado em áreas e indústrias específicas.[8] As políticas orientadas a aprimorar o ambiente de negócios refletem a crença da comunidade ocidental de ajuda ao desenvolvimento, segundo a qual a industrialização só poderia ser construída em bases neoliberais. O economista chinês Wen Yi (文一) sintetizou o problema do receituário ocidental de desenvolvimento como “tomar o teto como fundação, tomar o resultado como causa […] tomar os resultados da industrialização ocidental como pré-requisito para o desenvolvimento econômico”.[9]

A ajuda ocidental promoveu a dependência econômica da África, enquanto a hegemonia política, econômica e ideológica do Ocidente reduziu a autonomia e o espaço político do continente. Dos programas neoliberais de ajuste estrutural às estratégias de reformas orientadas a aprimorar o ambiente de investimento e negócios, o receituário ocidental não apoiou o desenvolvimento africano. Sob esse modelo, muitas políticas de desenvolvimento africano foram formuladas fora do continente, sem as contribuições, nem a liderança, do pensamento africano nativo sobre o desenvolvimento. Em matéria de industrialização e desenvolvimento econômico, as posições dominantes no panorama intelectual foram ocupadas por acadêmicos e políticos sediados em Paris e Washington. O pensamento africano independente foi marginalizado, ao mesmo tempo que a elaboração pelos países africanos, de estratégias de industrialização baseadas em suas condições nacionais, foi desencorajada.

Finalmente, dois fatores adicionais impediram que a ajuda ocidental promovesse a industrialização na África. Em primeiro lugar, a preocupação dos países ocidentais doadores é que, se a África alcançar a industrialização, o continente se tornará um concorrente. Por isso, colocam limites aos avanços industriais da África. Em segundo lugar, os países ocidentais industrializados transferiram os setores industriais altamente poluentes e de mão de obra intensiva, e de baixo custo, para o Leste Asiático, entrando em um estágio de desenvolvimento pós-industrial. Com essa divisão internacional da produção, o Ocidente não precisa transferir indústrias para a África e, portanto, não tem motivos para promover a industrialização africana.

A busca da África por um caminho de industrialização independente

Nos últimos anos, o continente vive uma ênfase renovada na industrialização. A União Africana (UA), diversas organizações regionais e muitos países africanos publicaram uma série de estratégias de industrialização. A Agenda 2063 da União Africana apresenta uma proposta bem definida para a transformação econômica no continente por meio do desenvolvimento industrial, especialmente a manufatura, para aumentar o valor agregado dos recursos da África, os níveis de emprego e a renda da população.

Em todo o continente, tem sido gradualmente formado um consenso em torno da visão de que a industrialização é fundamental para a transformação econômica da África. O próximo passo é determinar como promovê-la, efetivamente. Atualmente, as experimentações africanas de um caminho soberano para a industrialização estão focadas em quatro áreas principais.

1. O papel do Estado e do mercado na industrialização. Diferente dos anos 1980 e 1990, auge do fundamentalismo do mercado na África, atualmente poucos governos negam completamente o papel do Estado na industrialização. No entanto, ainda existem desacordos com relação à natureza e ao escopo deste papel. Ou seja, se o Estado deveria focar em prover serviços públicos onde a oferta do mercado é insuficiente, como educação, infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento, ou se o Estado deveria intervir diretamente na economia e influenciar a alocação de recursos, como, por exemplo, apoiando determinados setores e empresas para remodelar o processo de desenvolvimento econômico.

Em 2016, a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA) publicou Política Industrial Transformadora para a África [Transformative Industrial Policy for Africa]. O documento enfatiza a importância da política industrial para promover o desenvolvimento econômico nacional e a transformação estrutural, argumentando que “em um país economicamente atrasado, o setor manufatureiro não pode se desenvolver sem uma política industrial coerente e inteligente”. O economista coreano Ha-Joon Chang, principal autor do documento, é um conhecido defensor da política industrial, que há muito tempo defende que a intervenção estatal na industrialização foi essencial para o desenvolvimento de todos os países atualmente ricos. Contrário à narrativa fundamentalista do mercado, Chang argumenta que esses países adotaram níveis significativos de protecionismo nos primeiros estágios de seu desenvolvimento econômico e que assim seguiram em grande parte do período pós Segunda Guerra Mundial. Consequentemente, Chang argumenta que os países em desenvolvimento deveriam rejeitar o receituário neoliberal ocidental e deveriam implementar políticas industriais em suas trajetórias para a industrialização. Esse economista se tornou uma voz influente nos atuais debates sobre industrialização no continente africano. Embora muitos países africanos tenham se afastado dos modelos de industrialização por substituição de importações do período pós-guerra, e agora tendem a adotar políticas orientadas à exportação aos mercados estrangeiros, Chang aponta Etiópia e Ruanda como países africanos com experiências de política industrial bem sucedidas na era contemporânea. Ele convoca os formuladores de políticas a estudar a ampla gama de países, indústrias e medidas para desenvolver uma “imaginação política” abrangente.

2. A interação entre integração regional e industrialização. Em 2009, o tema escolhido para o Dia da Industrialização da África foi “industrialização para a integração”. Em 2017, o tema enfatizou que o “desenvolvimento industrial africano” era “uma pré-condição para uma área de livre comércio continental efetiva e sustentável”. De fato, desde que conquistaram sua independência, os países africanos estabeleceram a integração regional e a industrialização como as “duas asas” para transformar a posição marginal da África no sistema político e econômico global. A industrialização promove o desenvolvimento econômico da África e contribui para aumentar a participação do continente na produção e no comércio global, enquanto a integração regional fomenta o comércio intra-africano e beneficia o desenvolvimento industrial. Em março de 2018, 44 países africanos assinaram, em Kigali, Ruanda, o acordo da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, pela sigla em inglês), um marco no estabelecimento de um mercado africano unificado.

Atualmente, 86% do total do comércio da África ainda é realizado com outras regiões do mundo e não dentro do continente.[10] A composição da exportação da África para outras regiões do mundo consiste em grande medida em commodities primárias não processadas. Em um nítido contraste, dois terços do comércio intra-africano é composto por produtos industrializados.[11] A expectativa é que a AfCFTA aumente as oportunidades de comércio intra-africano, com a criação de um grande mercado continental, atuando como um trampolim para a industrialização africana e fomentando a autonomia e independência do continente. Embora alguns países africanos tenham tratamento preferencial de isenção de impostos nos mercados europeus e dos Estados Unidos, por meio da iniciativa “Tudo Menos Armas” e da “Lei de Oportunidade e Crescimento Africano” (respectivamente EBA e AGOA, pelas siglas em inglês), o continente está sujeito a outros impedimentos e, inevitavelmente, sofre um tratamento injusto. Por exemplo, em 2016, para apoiar a indústria têxtil local, os países membros da Comunidade da África Oriental (CAO) concordaram em reduzir gradualmente a importação de roupas usadas, até a proibição total, em 2019. No mesmo ano, Tanzânia, Ruanda e Uganda aumentaram os impostos para a importação de roupas usadas. Essas medidas provocaram uma disputa comercial com os Estados Unidos, com a ameaça da administração Trump de cancelar os benefícios comerciais do AGOA para esses três países.

3. O desenvolvimento coordenado de urbanização e industrialização. No relatório econômico Urbanização e Industrialização para a Transformação da África, em 2017, a UNECA afirmou que a urbanização acelerada na África deveria ser aproveitada como uma força propulsora do desenvolvimento industrial no continente.[12] Em outras partes do mundo, a urbanização tem sido estreitamente associada à industrialização, com a primeira sendo concretizada pelo aumento da produtividade agrícola e industrial. No entanto, o relatório aponta que a urbanização da África foi desconectada de seu desenvolvimento industrial e da transformação econômica estrutural como um todo. A África não atingiu um desenvolvimento coordenado da industrialização e da urbanização. O resultado foi a criação de “cidades de consumo”, que apresentam níveis elevados de importações, baixos níveis de criação de empregos formais e, principalmente, serviços de baixa produtividade, em vez de “cidades produtivas”.[13] Reduzir a distância entre urbanização e industrialização, e reconectar esses dois processos de desenvolvimento de maneira mutuamente benéfica, é um grande desafio para a África.

4. O protagonismo da manufatura no desenvolvimento econômico. A história do desenvolvimento dos países atualmente ricos demonstra que a manufatura sempre foi a engrenagem do desenvolvimento econômico. Poucos países conseguiram desenvolver suas economias sem uma indústria de base. Mesmo assim, no Ocidente, há quem argumente que a importância do setor de serviços está superando crescentemente o setor manufatureiro e que, por isso, a África poderia pular o estágio de industrialização. Por exemplo, o ex-economista chefe do Banco Mundial e prêmio Nobel em economia, Joseph E. Stiglitz, argumentou que a África não pode reproduzir o modelo do leste asiático, liderado pela manufatura, e que a indústria moderna de serviços será a engrenagem do desenvolvimento africano.[14] No mesmo sentido, em 2018, a Brookings Institution e a Universidade das Nações Unidas – Instituto Mundial para a Pesquisa do Desenvolvimento Econômico (UNU-WIDER, pela sigla em inglês) publicaram conjuntamente Indústria sem chaminés: a industrialização na África reconsiderada, onde propõem que serviços comercializáveis (como serviços baseados em informação e comunicação, turismo, transporte e logística), agro-indústria e horticultura poderiam impulsionar o crescimento econômico e a transformação estrutural da África.[15]

No entanto, a África tem uma compreensão sóbria sobre o papel da manufatura na estratégia de industrialização do continente e sobre o receituário ocidental de desenvolvimento. Na Agenda 2063 da União Africana e nas políticas industriais elaboradas pela UNECA, o setor manufatureiro é nitidamente entendido como uma base indispensável para a criação de emprego, a transformação econômica e o desenvolvimento da região. Em 2016, o ex-vice-governador do Banco Central da Nigéria, Kingsley Moghalu, convocou os países africanos a “rejeitar a noção enganosa de que eles poderiam se juntar ao Ocidente se tornando sociedades pós-industriais, sem que tenham sido industriais”.[16]

Ainda assim, especialistas ocidentais em tecnologia, como Alec Ross, continuam argumentando que os países africanos poderiam usar a tecnologia para dar um “salto econômico”, apontando Ruanda como um exemplo.[17] Em seu livro de 2016, Ross afirmou que “a ideia é que Ruanda passe diretamente de uma economia agrícola a uma economia baseada no conhecimento, ignorando completamente a fase industrial”.[18] No entanto, esse argumento ignora que a manufatura continua sendo o propulsor da economia do conhecimento. Mesmo Ruanda, que já desenvolveu rapidamente este setor, continua impulsionando com vigor sua produção industrial.

A África elaborou um conjunto de estratégias para a industrialização, incluindo a melhoria da infraestrutura, a atração de investimento externo, a promoção da integração regional, a coordenação do desenvolvimento da agricultura e da indústria, o estabelecimento de zonas econômicas especiais e de parques industriais, e a integração às cadeias globais de produção. Enquanto a África promove ativamente sua industrialização, a China, parceiro estratégico mais importante do continente, está passando por sua própria transformação econômica interna e pela modernização industrial. Na China, há uma capacidade excedente de produção de aço e cimento, os custos de mão de obra estão aumentando e os setores intensivos em mão de obra enfrentam dificuldades. Por sua vez, com força de trabalho jovem e grande mercado, a África precisa de industrialização. Nesse período, há oportunidades significativas para a complementaridade entre os objetivos da África e da China. Duas questões importantes para o futuro das relações entre China e África são as seguintes. Qual é o papel que a China irá jogar no caminho de industrialização da África? E, como o método chinês pode contribuir com insights diferentes das receitas ocidentais para a África?

Como a China pode contribuir com o desenvolvimento industrial da África

Nos marcos do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC, pela sigla em inglês), criado em 2000, a China se comprometeu a trabalhar com a África para superar os gargalos do desenvolvimento, como o déficit de infraestrutura, a formação de trabalhadores qualificados e a falta de financiamento. As iniciativas da FOCAC tem se dedicado, de forma consistente, à cooperação relacionada com a capacidade industrial, incluindo os “dez grandes planos de cooperação China-África”, propostos na Cúpula de Joanesburgo, em 2015, assim como as “oito grandes iniciativas de colaboração com a África”, propostas na Cúpula de Pequim, em 2018. As contribuições da China à industrialização africana podem ser organizadas em três áreas principais: 1) construção de infraestrutura, 2) oferecimento de novas opções de desenvolvimento pelo compartilhamento de suas próprias experiências e 3) mudança de paradigma de cooperação internacional, melhorando a posição global da África por meio da cooperação China-África.

1. A China apoia a industrialização africana pela construção de infraestrutura. A África tem um grave gargalo de infraestrutura. No setor energético, isso provoca apagões frequentes e altos preços de eletricidade. As frágeis redes de transporte dificultam a integração regional e, com uma população de cerca de 1,4 bilhão, o continente tem apenas 64 portos marítimos. Nisso, a China tem sido um parceiro importante, ao construir um grande número de ferrovias, estradas, aeroportos e portos, além de outras infraestruturas de transporte, água e energia na África. A China também se comprometeu a apoiar a construção e expansão dos trens de alta velocidade, das rodovias e da malha aérea na África. Nos anos 1950 e 1960, a assistência externa chinesa seguiu um modelo “pronto para uso” que, em alguns casos, enfrentou dificuldades operacionais após a implementação. Após essas experiências, a China agora está muito atenta à manutenção e operação dos projetos externos de infra-estrutura, e tenta, continuamente, combinar a construção de infraestrutura na África com a cooperação em capacidade industrial. Por exemplo, criou-se uma sinergia entre os parques industriais na Etiópia e a ferrovia Addis Ababa-Djibuti, ambos construídos pela China, o que contribuiu para o estabelecimento de um corredor econômico e para a promoção do desenvolvimento industrial.

2. As experiências de desenvolvimento da China demonstram caminhos alternativos para a industrialização de países africanos. Enquanto as potências ocidentais impuseram seus modelos ao Sul Global, levando à desindustrialização de muitos países em desenvolvimento, a China seguiu um caminho diferente. Como disse o economista e ex-vice premiê chinês, Liu He (刘鹤), “a China aderiu às suas próprias características e não copiou cegamente o modelo ocidental […] Em contraste com o método ‘um ou outro’ e ‘preto e branco’ dos economistas ocidentais, em relação às questões como direitos de propriedade e concorrência, a China encontrou um meio-termo com base em suas condições concretas, trilhando um caminho único e sinuoso em relação à abertura da economia para o mercado”.[19]

As experiências de industrialização da China oferecem lições em muitos aspectos do desenvolvimento que podem ser aprendidas pelos países africanos, como a unidade dialética entre reforma, desenvolvimento, estabilidade e inovação; a gestão das relações entre governo, mercado e sociedade; a importância de uma liderança capaz e com forte vontade política; a necessidade de definição de estratégias claras; e uma série de projetos de desenvolvimento industrial e de infraestrutura. Além disso, a China acumulou anos de experiência de relações construtivas com os países desenvolvidos para modernizar sua própria capacidade produtiva. Ao cooperar com o desenvolvimento de capacidade industrial e facilitar a transferência de tecnologia para a África, a China pode aproveitar e compartilhar suas próprias experiências semelhantes no desenvolvimento da capacidade produtiva, da urbanização e da industrialização.

Ao compartilhar sua experiência, a China pode oferecer insights aos países africanos. Essa contribuição não é menos importante do que a construção de pontes e rodovias. Embora a China não imponha seu próprio modelo de desenvolvimento, países africanos expressaram sua vontade de aprender com a experiência da China. A experiência de desenvolvimento da China tem três princípios importantes, que incluem transcender estruturas, paradigmas e modelos dogmáticos, partir das próprias condições concretas e ajustar as ações com base em experiências e lições aprendidas. Por exemplo, a mesa redonda de CEOs da Tanzânia, que reúne executivos das 200 maiores empresas do país, publicou, em 2017, um livro sobre industrialização que analisa em profundidade a experiência da China. Citando a criação da Zona Econômica Especial de Shenzhen, em 1980, por Deng Xiaoping (邓小平), os autores afirmam que “começar com pouco e experimentar poderia nos permitir falhar rápido, aprender mais rápido e mudar as coisas com velocidade na medida em que for necessário. Após ajustar o modelo durante um período, nós podemos expandir nacionalmente com mais qualidade, ao invés de uma expansão com menos qualidade, dadas as limitações de capacidades financeiras e de implementação, que inviabilizam a realização de gestões e ajustes eficientes diante de desafios e, portanto, resultaria em um programa de industrialização nacional desorganizado”.[20] É importante destacar que não há um “consenso chinês” ou um “modelo chinês” sobre o desenvolvimento econômico. A relação entre a China e a África é de aprendizado mútuo, e não de instrução unilateral.

Nesse sentido, somente um resumo das experiências bem sucedidas da China não é suficiente para os países africanos e outros países em desenvolvimento. Tão importante quanto é a compreensão sobre os fracassos das experiências chinesas. Ministro e Assessor Especial do Primeiro Ministro da Etiópia, e designer-chefe dos parques industriais da Etiópia, Arkebe Oqubay abordou isso em uma entrevista que realizei com ele no início de 2018: “Nós sabemos que nem todos os parques industriais da China foram bem sucedidos, alguns fracassaram. Mas, durante minhas pesquisas na China, eu não consegui encontrar nenhum documento ou relatório que sintetize os aprendizados a partir desses fracassos”. Um aspecto importante da cooperação China-África é, portanto, o estabelecimento de uma forma de sistematizar e comunicar as experiências de industrialização chinesa.

3. As relações China-África podem desenvolver um novo paradigma para a cooperação internacional e melhorar a posição estratégica do continente, seu espaço político e sua autonomia. Na Cúpula do G20 em 2016, a China apresentou, pela primeira vez, uma proposta para apoiar a industrialização na África e no grupo de Países Menos Desenvolvidos, conforme denominado pela ONU. As discussões ocidentais sobre a África costumam girar em torno de usar ajuda externa para solucionar a pobreza, mas a ajuda externa, por si só, não pode resolver a pobreza ou promover industrialização. Em outra direção, a cooperação China-África tem como foco o desenvolvimento, ao combinar ajuda, comércio, investimento e outras medidas para apoiar o desenvolvimento independente do continente.

A influência indireta na forma como os países ocidentais se relacionam com o continente africano é um dos aspectos mais significativos da cooperação China-África. Devido à ansiedade provocada pela crescente parceria China-África, de certa maneira os países ocidentais têm sido pressionados a não tratar os países africanos apenas como receptores de ajuda externa, mas como parceiros de investimentos e negócios. A natureza dessa relação tem mudado paulatinamente e a África tem sido capaz de melhorar sua posição global, se tornando um foco de investimento. Nos últimos anos, por exemplo, a empresa alemã Volkswagen investiu e construiu fábricas na África do Sul, na Nigéria e no Quênia, enquanto a Zipline, empresa estadunidense de logística, inaugurou uma fábrica de montagem de drones em Ruanda. Esses processos podem ser promissores para a industrialização da África.

Em última instância, o verdadeiro motor da industrialização da África está nas mãos dos próprios países africanos. Capital, tecnologia e experiência da China ou de outros países podem apenas apoiar seus esforços. Como exemplo, projetos ou formas de cooperação semelhantes podem ter resultados diferentes em cada país. No caso da construção de parques industriais, a Zona Industrial Oriental da Etiópia, construída pela China, não apenas foi capaz de gerar milhares de empregos locais, como também levou à criação das primeiras regulações de parques industriais no país. Já no caso de Angola, um país rico em petróleo, a Zona do Parque Industrial de Viana não conseguiu alcançar nem o patamar básico de “três conexões e um nivelamento” (三通一平, sāntōng yīpíng), ou seja, a garantia de que o local de construção esteja conectado à água, eletricidade e estradas, e que o solo esteja nivelado antes do início do projeto. Isso porque o partido local que recebeu o terreno para o projeto falhou em estabelecer e operar atividades comerciais no parque industrial. Para apoiar a industrialização da África, a China deve alinhar seus métodos com as estratégias de desenvolvimento nacionais específicas de cada país africano, que são peças-chaves para o êxito ou o fracasso do caminho para a industrialização.

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UNECA e Banco Mundial. “Promoting Connectivity in Africa: The Role of Aid for Trade in Boosting Intra-African Trade” [Promovendo a conectividade na África: o papel da ajudo para o comércio no fomento ao comércio intra-africano], Addis Ababa: UNECA, outubro de 2017. Disponível em: https://www.wto.org/english/tratop_e/devel_e/a4t_e/promotingconnect17_e.pdf.

Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA), Transformative Industrial Policy for Africa. [Política industrial transformadora para a África] Addis Ababa: UNECA, 2016. Disponível em: https://repository.uneca.org/handle/10855/23015.

Wen Yi, A grande revolução industrial chinesa [伟大的中国工业革命]. Beijing: Tsinghua University Press, 2016, p. 15.

Zhou Jinyan, “Percepções de Institutos africanos sobre as soluções da China na Nova Era e suas implicações para o intercâmbio de experiências de governança na China e na África” [非洲智库对新时代中国方案的认知及其对中非治国理政经验交流的启示], Estudos do Mundo Árabe [阿拉伯世界研究], n. 4, 2021.

Notas do autor

1. Ver, por exemplo, as reportagens publicadas pelo The Economist, separadas por uma década: “The Hopeless Continent” [O continente sem esperança], The Economist, 13 de maio de 2000, disponível em: https://www.economist.com/weeklyedition/2000-05-13; “Africa Rising” [África em ascensão], The Economist, 3 de dezembro de 2011, disponível em: https://www.economist.com/leaders/2011/12/03/africa-rising.

2. Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA), Transformative Industrial Policy for Africa [Política industrial transformadora para a África]. Addis Ababa: UNECA, 2016. Disponível em: https://repository.uneca.org/handle/10855/23015.

3. Chen Zhiwu, Chen Zhiwu fala sobre a economia da China [陈志武说经济] Taiyuan: Shanxi Economic Press, 2010.

4. Zhou Jinyan, “Percepções de Institutos africanos sobre as soluções da China na Nova Era e suas implicações para o intercâmbio de experiências de governança na China e na África” [非洲智库对新时代中国方案的认知及其对中非治国理政经验交流的启示], Estudos do Mundo Árabe [阿拉伯世界研究], n. 4, 2021.

5. Ha-Joon Chang, “Economic History of the Developed World: Lessons for Africa” [História econômica do mundo desenvolvido: lições para a África]. Conferência no Programa de Oradores Ilustres do Banco de Desenvolvimento Africano, Tunes, Tunísia, 26 de fevereiro de 2009, disponível em: https://www.afdb.org/fileadmin/uploads/afdb/News/Chang%20AfDB%20lecture%20text.pdf.

6. Ver Jacques Morriset, “Foreign Direct Investment in Africa: Policies Also Matter” [Investimento estrangeiro direto na África: políticas públicas também importam]. Policy Research Working Paper 2481. Washington: Banco Mundial, 2000. Disponível em: https://documents1.worldbank.org/curated/en/245851468767965780/pdf/multi-page.pdf.

7. John Page. “Africa’s Failure to Industrialize: Bad Luck or Bad Policy?” [O fracasso da África em industrializar-se: má sorte ou má política pública?]. The Brookings Institution, 20 de novembro de 2014, disponível em: https://www.brookings.edu/blog/africa-in-focus/2014/11/20/africas-failure-to-industrialize-bad-luck-or-bad-policy/.

8. Justin Yifu Lin e Célestin Monga. Beating the Odds: Jump-Starting Developing Countries [Superando as adversidades: o pontapé inicial de países em desenvolvimento]. Princeton: Princeton University Press, 2017.

9. Wen Yi, A grande revolução industrial chinesa [伟大的中国工业革命]. Beijing: Tsinghua University Press, 2016, p. 15.

10. UNECA. “Momentum Builds for Free Movement under AfCFTA” [Aumenta o impulso para a livre circulação sob o AfCFTA] 29 de janeiro de 2023. Disponível em: https://www.uneca.org/stories/momentum-builds-for-free-movement-under-afcfta.

11. UNECA e Banco Mundial. “Promoting Connectivity in Africa: The Role of Aid for Trade in Boosting Intra-African Trade” [Promovendo a conectividade na África: o papel da ajuda ao comércio no fomento do comércio intra-africano], Addis Ababa: UNECA, outubro de 2017. Disponível em: https://www.wto.org/english/tratop_e/devel_e/a4t_e/promotingconnect17_e.pdf.

12. UNECA. Economic Report on Africa 2017: Urbanisation and Industrialisation for Africa’s Transformation [Relatório Econômico sobre a África 2017: Urbanização e Industrialização para a Transformação da África]. Addis Ababa: UNECA, 2017. Disponível em: https://www.uneca.org/economic-report-africa-2017.

13. UNECA. Urbanização e Industrialização, p. 138. Ver também Tom Goodfellow, “Urban Fortunes and Skeleton Cityscapes: Real Estate and Late Urbanisation in Kigali and Addis Ababa” [Fortunas urbanas e o esqueleto de paisagens urbanas: imóveis e urbanização tardia em Kigali e Addis Ababa]. International Journal of Urban and Regional Research 41, n. 5, setembro de 2017, disponível em https://doi.org/10.1111/1468-2427.12550; Bai Lulu, Zhao Shengbo, Wang Xingping e Zheng Jieling, “Pesquisa sobre a relação entre urbanização e indústria manufatureira na África Subsaariana” [撒哈拉以南非洲城镇化与制造业发展关系研究], Planejamento Urbano Internacional [国际城市规划], n.5, 2015.

14. Joseph E. Stiglitz “From Manufacturing Led Export Growth to a 21st Century Inclusive Growth Strategy for Africa (Africa Cannot Repeat East Asian Miracle)” [Do crescimento das exportações lideradas pela manufatura para uma estratégia de crescimento inclusivo do século 21 para a África (a África não pode repetir o milagre do leste asiático)] Conferência proferida na Cúpula do Crescimento Inclusivo, realizada pelo Bureau for Economic Research, Economic Research Southern Africa e pelo Research Project on Employment, Income Distribution and Inclusive Growth. Cidade do Cabo, 15 de novembro de 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Q-OikAtwkig&ab_channel=ACET.

15. Richard Newfarmer, John Page e Finn Tarp (orgs). Industries without Smokestacks: Industrialisation in Africa Reconsidered [Indústrias sem chaminés: a industrialização da África reconsiderada]. UNU-WIDER Studies in Development Economics. New York: Oxford University Press, 2018. Disponível em: https://www.wider.unu.edu/publication/industries-without-smokestacks-2.

16. Kingsley Moghalu. “Africa Has to Go through Its Own Industrial Revolution” [África deve passar por sua própria revolução industrial], Financial Times, 16 de maio de 2016, disponível em: https://www.ft.com/content/d68f27fe-1aad-11e6-b286-cddde55ca122.

17. Alec Ross. The Industries of the Future [As indústrias do futuro]. New York: Simon & Schuster, 2016, p. 237.

18. Ross, The Industries of the Future, p. 238.

19. Liu He, “O milagre contínuo do crescimento: 30º aniversário da reforma e abertura” [没有画上句号的增长奇迹:于改革开放三十周年]. In: Wu Jinglian (org.). Trinta anos de economia da China vistos por 50 economistas chineses [中国经济50 人看三十年]. Pequim: China Economic Publishing House, 2008.

20. Ali A. Mufuruki, Rahim Mawji, Gilman Kasiga e Moremi Marwa. Tanzania’s Industrialisation Journey, 2016–2056: From an Agrarian to a Modern Industrialised State in Forty Years [A jornada de industrialização da Tanzânia, 2016-2056: de um Estado agrário a um Estado industrializado moderno em quarenta anos]. Nairobi: Moran Publishers, 2017, p. 11.