N.º 03 | 11.07.2021
Esta instituição liderada por Zhou Enlai é a chave para entender o “novo sistema para toda a nação”
Lu Feng
O Dr. Lu Feng (路风) é professor e supervisor de doutorado no Departamento de Economia Política, Escola de Governo, Universidade de Pequim. Ele também é diretor do Instituto Leo Ko-Guan para Negócios e Governo
As lideranças políticas da China propuseram a adoção de um “novo modelo de sistema para toda a nação” para “fazer grandes avanços e alcançar um desenvolvimento significativo”, tais como a inovação tecnológica substancial. Em seu artigo, o Dr. Lu revela como o Comitê Central Especial do Partido Comunista da China foi o órgão decisório por trás do projeto historicamente relevante “Duas bombas, um submarino, um satélite” dos anos 60, reconhecido como um exemplo de “sistema para toda a nação”. Essa instituição, autorizada pelas mais altas lideranças, tendo o Premier Zhou Enlai como seu diretor, foi responsável pela implementação e resultados do projeto. As atividades do Comitê refletiram o “sistema para toda a nação” da China durante a era de economia planificada do país. Este artigo examina o Conselho de Produção de Guerra e o Projeto Manhattan – os homólogos estadunidenses do Comitê durante a Segunda Guerra Mundial -, assim como a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA, por sua sigla em inglês), que está ativa até hoje. Com base nas experiências históricas da China e dos EUA, o autor sustenta que o “sistema para toda a nação” é único e eficaz, sendo tanto adequado para os sistemas de economia planejada, quanto de mercado.
A diplomacia chinesa: um novo ato de equilíbrio
Yama Xuetong
Yan Xuetong é um dos principais especialistas em política externa, segurança nacional e relações China-EUA da China. Ele é reitor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Tsinghua, e secretário-geral do Fórum Mundial da Paz.
Em uma entrevista no último 03 de julho, o professor Yan assinala uma óbvia mudança de paradigma na diplomacia chinesa: que a China quer ver o mundo – especialmente os EUA – “em pé de igualdade”. Em outras palavras, “nós o trataremos da mesma forma que você nos trata”. Yan afirma que a China precisa equilibrar suas duas identidades, de potência internacional e de país em desenvolvimento. Como potência internacional, a China precisa assumir mais responsabilidade e proteger os interesses de outros países em desenvolvimento. Como país em desenvolvimento, a ajuda externa da China não deve exceder o padrão dos países desenvolvidos (0,7% do PIB). Em se tratando do “multilateralismo”, Yan sugere que a China não deve desistir de buscar apoio entre os aliados dos EUA, mas, ao mesmo tempo, deve basear suas políticas diplomáticas na solidariedade com os países em desenvolvimento. Yan também encoraja o governo chinês a reabrir o país aos talentos estrangeiros, a fim de lidar com a estratégia dos EUA de dissociarem sua cadeia de abastecimento da China.
Do idealismo ao Socialismo Científico: o caminho do jovem Mao Tsé-tung para a transformação ideológica
Sociedade Qiushi da Universidade
A Sociedade Qiushi da Universidade de Tsinghua é um grupo de estudo teórico organizado por estudantes, sob a orientação do comitê da universidade. A sociedade realiza estudos teóricos e práticas sociais, tecendo análise profundas da economia e da geopolítica a partir de uma perspectiva marxista
Ainda jovem, Mao Tsé-Tung começou a desenvolver sua práxis e seus valores, e a acumular a experiência e o conhecimento necessários para tornar-se um grande marxista. Nos seus vinte e poucos anos, a visão ideológica de Mao Tsé-Tung era idealista; ele acreditava que a transformação social dependia principalmente da filosofia e da ética. Como parte da comunidade intelectual, ele estava muito longe dos aspectos realísticos inerentes à produção material. Por volta do período da Revolução de Outubro, na Rússia, quando o Marxismo e outras ideias socialistas foram introduzidas na China, Mao acreditava inicialmente no Anarquismo e no Socialismo Utópico e não apoiava as revoluções violentas defendidas pelo Marxismo. Ele viveu em uma “nova aldeia” experimental na província de Hunan (como as comunidades socialistas utópicas de Robert Owen, na década de 1820). Mas quando as “revoluções pacíficas” dos anos 20 fracassaram devido à repressão dos senhores da guerra, Mao percebeu a realidade de que a revolução violenta apregoada pelo Marxismo era “a única alternativa quando todas as outras formas não funcionavam”. A partir daí, Mao Tsé-Tung estabeleceu sua fé no Socialismo Científico e permaneceu a este fiel pelo resto de sua vida.
O Defensor da Revolução: a história e a origem do sistema de segurança pública chinês
Liu Zhong
Dr. Liu Zhong, Doutor em Direito, é professor do Instituto de Estudos Legislativos, Faculdade de Direito, da Sun Yat-sen University. Seu campo investigativo é jurisprudência
O primeiro-ministro Zhou Enlai disse certa vez que a segurança pública é um componente importante da segurança nacional. Neste artigo, o Dr. Liu examina as origens históricas do sistema de segurança pública (policial) da China. Ele ressalta que, ao contrário do sistema de polícia britânico, que se converteu na base do moderno sistema policial no Ocidente e serve para proteger os direitos de propriedade privada das pessoas, o sistema de segurança pública chinês moderno leva adiante as características institucionais das forças de defesa do Exército Nacional Revolucionário. Equipadas com competências de combate e critérios de identificação amigo-ou-inimigo, as forças de defesa revolucionárias serviram para proteger as conquistas da Revolução e defender a segurança nacional. Após a fundação da República Popular da China, o sistema de segurança pública recebeu alta prioridade e gradualmente se desenvolveu em um sistema de “melhor segurança pública”, que se caracterizou por: (1) normas exigentes para o pessoal e a política, que conferiu ao sistema de segurança pública a mais alta posição entre as instituições políticas e jurídicas; (2) poder mais amplo e menos restrições processuais, devido a um alto grau de confiança; e (3) uma voz de peso, devido à participação do chefe do sistema de segurança pública na tomada de decisões do Comitê do Partido central e local.
As investigações sobre a chinesa Didi levantam preocupações sobre a segurança de dados transfronteiriços
Beijing Cultural Review ( Wénhuà zònghéng)
A Beijing Cultural Review ( Wénhuà zònghéng) é uma revista bimensal chinesa que apresenta comentários de alta qualidade. A revista é dedicada a rever a história e a cultura da China, reavaliando os principais valores ocidentais e explicando a visão do país sobre questões globais.
O aplicativo de carros Didi foi removido de todas as lojas de aplicativos na China, devido a “preocupações de segurança nacional”, provocando discussões sobre a proteção de dados transfronteiriços. Devido ao domínio dos Estados Unidos sobre as questões afetas à internet, o que abrange mídias sociais, mecanismos de busca, comércio eletrônico e armazenamento em nuvem, o artigo ressalta que o livre fluxo de dados transfronteiriços aumenta a hegemonia dos Estados Unidos sobre esse segmento, ao mesmo tempo em que prejudica os interesses nacionais dos países em desenvolvimento. No entanto, os EUA continuam adotando uma política unilateral quanto ao fluxo de dados transfronteiriços, proibindo empresas estrangeiras de internet, como a TikTok, de transferir dados de seu território para outros países. Em contraste, o gigante asiático – como ressalva o artigo com alguma apreensão – ainda não criou uma estratégia abrangente de regulamentação de dados transfronteiriços. Embora a China tenha promulgado leis para impedir que as informações pessoais dos cidadãos e os dados sobre infraestrutura física e digital sejam transferidos para fora do país, o artigo sugere que os formuladores de políticas públicas aprimorem ainda mais a regulamentação dos fluxos de dados transfronteiriços.

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