A crescente tensão entre os dois lados do Estreito tem suscitado especulação global e preocupação com um potencial conflito militar. Em recente entrevista à mídia, Hung Hsiu-chu – ex-presidenta do Kuomintang (KMT) – apontou dois riscos. Primeiramente, as relações entre os dois lados do Estreito são muito tensas e a intervenção militar dos Estados Unidos no Estreito de Taiwan vem aumentando a probabilidade de conflito militar. Em segundo lugar, com o crescimento das forças de "independência de Taiwan", se o Partido Democrático Progressista (DPP, por sua sigla em inglês) no poder aproveitar a oportunidade para cruzar esta "linha vermelha", o conflito militar é inevitável. No que tange à reunião online Xi-Biden, onde discutiram a questão de Taiwan, Hung diz que os sucessivos presidentes dos EUA têm tido opiniões diferentes sobre "a independência de Taiwan". Desde que Biden chegou ao poder, ele apoiou a "Política de uma China única", mas a linguagem oficial adotada mudou de "não apoiar a independência de Taiwan" para "secretamente comprometer a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan". Opondo-se à revisão dos livros didáticos de Taiwan, Hung critica fortemente a promoção da "de-Sinicização"(去中国化 qù zhōngguó huà) e da "independência cultural de Taiwan" (文化台独 wénhuà táidú) por parte do Partido Democrático Progressista, como uma forma de "esquecer os antepassados" (数典忘祖 shǔ diǎn wàng zǔ) . Isto fez com que a juventude de Taiwan fosse incutida com uma mentalidade "anti-China" e se tornasse uma "geração perdida" em relação à cultura chinesa. Em vez disso, os jovens taiwaneses deveriam poder ir para o continente para aprender sobre a situação real. Além disso, Hung adverte sobre a possibilidade de Taiwan se tornar uma ferramenta ou um peão dos EUA no cerco à China continental. A “Lei de Relações com Taiwan”, impulsionada pelos EUA para supostamente aumentar a capacidade de autodefesa do arquipélago, volta-se de fato para a venda de armas a Taiwan, não os ajudando a lutar em guerra. Portanto, conclui Hung, Taiwan não deve ter falsas expectativas.
A desaceleração do crescimento econômico da China tem causado muita apreensão entre os economistas. Em uma recente cúpula financeira, Yu Yongding sugere que a política fiscal deveria desempenhar um papel maior no estímulo ao crescimento econômico do país. A pandemia ainda não terminou, mas a expansão da política fiscal da China diminuiu: no primeiro semestre deste ano, as receitas fiscais aumentaram 21,8% – 13,7 pontos percentuais em relação ao orçamento – enquanto as despesas fiscais cresceram 4,5% – apenas 2,7 pontos percentuais em relação ao aumento planejado. Yu considera que esta política de contenção fiscal raramente foi vista no passado, levando a alertas sobre a retirada prematura do apoio fiscal em 2010, o que contribuiu para o declínio do crescimento econômico da China durante a década seguinte. Alguns economistas receiam que a política fiscal expansionista possa vir a acelerar a inflação e elevar os níveis da dívida. Yu argumenta, no entanto, que o índice de preços ao consumidor (IPC) da China – uma medida do custo de vida variável utilizada para avaliar a inflação – permanece baixo, o que não é necessariamente um bom sinal. O IPC do país aumentou 1,5% em outubro de 2021, em comparação com uma taxa de inflação normal de 3% ou mais nos países em desenvolvimento. Além disso, devido às condições especiais da China – alta poupança, domínio das instituições financeiras estatais, alta capacidade de gerir crises – sua tolerância à dívida deve ser significativamente maior do que a dos países ocidentais. Se a China se concentrar na redução da taxa de alavancagem macro – incluindo a razão da dívida/PIB nos setores financeiro, doméstico, não financeiro e governamental – em um momento em que o ímpeto de crescimento se enfraqueceu, pode, ao invés disso, agravar os riscos macrofinanceiros. Considerando que a economia está passando por uma deflação com baixo consumo e despesas de investimento privado, Yu sugere que a China deve aumentar os gastos do governo em infraestrutura, a qual sempre foi a "força estabilizadora" (定海神针 dìnghǎi shénzhēn) para a economia. Em resposta às críticas aos gastos ineficientes e excessivos da China em infraestrutura, Yu contrapõe que este investimento fornece bens públicos e, portanto, não deve ser medido por retornos comerciais. Além disso, as inundações ocorridas em várias cidades no último verão expuseram deficiências na infraestrutura do país.
No último dia 16 de novembro, o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontraram pela primeira vez por videoconferência. Shen Yi acredita que os dois países e seus líderes avaliam o significado da cúpula de forma completamente distinta. A China acaba de realizar a Sexta Sessão Plenária do 19º Comitê Central do PCCh, e o governo tem demonstrado excelente liderança política ao lidar com a Covid-19, com o câmbio climático e o desenvolvimento econômico. Por outro lado, o governo estadunidense tem se mostrado ineficiente no controle da pandemia – com o número atual de mortos em 800.000 pessoas – e o país enfrenta uma desaceleração econômica. De acordo com Shen, os Estados Unidos tomaram pela primeira vez a iniciativa de sentar-se com a China, tentando resolver as relações sino-estadunidenses por meio do diálogo, e enviando um sinal positivo ao resto do mundo. Além de fornecer um relato franco do caminho de desenvolvimento, interesses nacionais, linhas vermelhas e expectativas da China, Shen acredita que Xi fez algumas declarações sem precedentes na reunião. Entre elas, estava a afirmação de que os erros e acertos da liderança política são julgados pela História. Sobre isso, Xi disse: “A História é imparcial, e qualquer coisa feita por um político, seja mérito ou demérito, será registrado pela história. Espero que o presidente Biden exerça liderança política e leve a política estadunidense a um caminho racional e pragmático”. Em seguida, Xi delineou sistematicamente os três princípios para a nova era das relações sino-estadunidenses: respeito mútuo (相互尊重 xiānghù zūnzhòng), coexistência pacífica (和平共处 hépíng gòngchǔ) e cooperação ganha-ganha (合作共赢 hézuò gòng yíng). Referindo-se a algumas pessoas nos EUA que estão deliberadamente “usando Taiwan para controlar a China”, Xi severamente alertou que essas ações são “exatamente como brincar com fogo, e quem brincar com fogo se queimará”. Segundo o autor, se os Estados Unidos estiverem dispostos a cooperar, as relações entre os dois países podem entrar em uma nova fase mais construtiva e mutuamente benéfica.
No início dos anos sessenta, durante uma época de grandes desastres naturais e fome, famílias da Mongólia Interior adotaram cerca de 3.000 órfãos vindos de Xangai e das províncias vizinhas. De acordo com Mei Xinyu, esta história de solidariedade multiétnica não é apenas comovente, mas também reflete o progresso na governança social da China. Os anos compreendidos entre 1959 e 1961 foram um dos períodos mais difíceis da Nova China. O governo decidiu enviar essas crianças órfãs para a região menos afetada da Mongólia Interior para evitar a fome e a morte. Mei lembra que foi a primeira vez que a prática de realocação de vítimas da fome – existente nas Planícies Centrais (中原 Zhōngyuán) por quase dois mil anos – foi implementada de forma organizada nas regiões de fronteira, que incluem a Mongólia Interior. Foi nesse contexto que as medidas de governança social, inicialmente levadas a cabo na região central, começaram a ser adotadas nas áreas originariamente nômades e subdesenvolvidas. De acordo com Mei, existem três razões principais para essa mudança. A primeira foi que a Mongólia Interior, sob o governo da Nova China, acelerou a transição iniciada na Dinastia Qing (1644-1911), de uma sociedade nômade para uma sociedade agrária sedentária, assentando um alicerce econômico importante. A produção de grãos da região, mesmo em seu nível mais baixo, em 1962, era mais de 50 por cento maior do que a do ano de 1949, quando a República Popular da China foi fundada. Em segundo lugar, o Partido Comunista e o governo endereçaram graves problemas de saúde pública na Mongólia Interior e outras regiões de minorias étnicas, enviando profissionais e quadros treinados da área de Saúde, bem como promovendo intercâmbio para importar penicilina e outros medicamentos voltados para o combate a pragas e doenças venéreas. Por fim, o desenvolvimento da Mongólia Interior não pode ser entendido sem o apoio e a assistência geral fornecidos pelo governo central e pelas províncias e cidades do interior. Durante a maior parte dos últimos 72 anos, a Mongólia Interior tem mantido um déficit orçamentário, contando com o apoio financeiro do governo central para preencher essa lacuna como a forma mais direta de assistência financeira. A história dos 3.000 órfãos que chegaram à Mongólia Interior reflete as bases socioeconômicas lançadas, bem como o espírito de apoio mútuo e progresso da nação chinesa.
O último 25 de novembro marcou o 71º aniversário da morte do filho mais velho de Mao Zedong, Mao Anying, que morreu na linha de frente da resistência contra o imperialismo estadunidense, e em solidariedade ao povo coreano. Ele tinha 28 anos na época. Xia Yuansheng escreve que, após a eclosão da Guerra da Coreia em 1950, Mao Zedong deu a ordem de “resistir à agressão dos Estados Unidos e ajudar a Coreia e defender a pátria” (抗美援朝 、保家卫国 kàngměiyuáncháo, bǎo jiā wèi guó). Depois de saber disso, Mao Anying se ofereceu para se juntar à guerra na Coreia do Norte e se tornou o "primeiro soldado voluntário". Na manhã de 25 de novembro de 1950, vários bombardeiros estadunidenses varreram o quartel-general do Exército Voluntário do Povo na Caverna Dayu e repentinamente lançaram dezenas de bombas de napalm. Mao Anying, que estava de plantão na sala de guerra e não teve tempo de escapar, foi morto no ataque. Levando em consideração a saúde precária de Mao Zedong, Zhou Enlai não lhe contou a má notícia até depois do Dia do Ano Novo, em 1951. Sofrendo pela grande perda, o presidente Mao concordou em enterrar seu filho na Coreia do Norte, juntamente com os mais de 100.000 voluntários martirizados, enquanto guardaria em silêncio as relíquias de seu filho pelos 20 anos seguintes. Em 1936, Mao Anying e seu irmão Mao Anqing foram enviados para estudar na União Soviética, onde aprenderam russo, francês, inglês e alemão. Na União Soviética, Mao Anying participou da Grande Guerra Patriótica contra a Alemanha nazista e foi recebido por Stálin, que lhe deu de presente uma pistola por seu serviço militar. O primeiro-ministro Zhou Enlai comentou que não havia muitos jovens com educação e treinamento comparáveis aos de Mao Anying, e que seu sacrifício foi uma perda irreparável para o Partido Comunista, especialmente para o presidente Mao. Kim Il-Sung, o líder norte-coreano, disse: “O camarada Mao Zedong é um grande exemplo de internacionalismo, tendo perdido seus cinco entes queridos, incluindo sua esposa, na luta pela libertação do povo chinês. Além disso, ele enviou seu amado filho primogênito ao campo de batalha coreano para defender o povo coreano contra a invasão estadunidense e para defender a paz mundial. Por seu sacrifício, Mao Anying fará muita falta.”
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