N.º 59 | 04.09.2022
A expansão do porto de Yangtze serve ao desenvolvimento econômico regional. [CGTN]
Perspectivas sobre a estabilização do crescimento econômico da China
Liú Shìjǐn (刘世锦)
Liu Shijin é o diretor adjunto do Comitê Nacional para os Assuntos Econômicos da Conferência Consultiva Política Popular da China. Ele também foi o vice-diretor do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento do Conselho de Estado.

Contexto:

Devido ao impacto da Covid-19, o primeiro semestre de 2022 terminou com uma taxa de crescimento econômico de 2,5%, abaixo da meta anual de 5,5% proposta pelo governo chinês no início do ano. O autor analisa de forma sistemática os problemas atuais que a China enfrenta para atingir a meta proposta no segundo semestre, e apresenta possíveis soluções tanto do lado da demanda quanto do lado da oferta.

Pontos-chave:

  • A Covid-19 continuará sendo um fator de incerteza que impactará no crescimento econômico da China. Ela precisa ser estabilizada com prevenção e controle. Um ambiente comercial estável deve ser criado para minimizar os impactos negativos sobre a maioria das pessoas e empresas.
  • A inflação global é outro fator que pesa sobre a economia da China. Com os preços internacionais de energia e alimentos subindo bruscamente, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) publicado em junho foi de 2,5% e continua subindo. O autor sugere que a consequência desses impactos externos pode ser atenuada, por três razões: 1) a circulação interna pode absorver os impactos externos, 2) uma oferta suficiente, especialmente para alimentos e energia, estabiliza os preços, e 3) uma forte regulamentação também estabiliza os preços.
  • Do lado da demanda, o mercado imobiliário é a chave para estabilizar o crescimento econômico. De acordo com a análise do autor, a demanda atingiu seu auge no mercado imobiliário chinês há alguns anos. No entanto, a partir do segundo semestre de 2021, ela tem caído de maneira constante. Com sua grande influência sobre outros setores, especialmente no financeiro, e na subsistência das pessoas, a contínua deterioração da indústria imobiliária terá um impacto sistêmico. Medidas oportunas e eficazes devem ser tomadas para estabilizar o mercado imobiliário, e deve-se avaliar uma estratégia de longo prazo de desenvolvimento saudável.
  • Em relação ao aumento do consumo, o autor sugere que dois problemas precisam ser resolvidos: 1) aliviar a carga econômica da faixa de baixa renda, e 2) promover o consumo do grupo de renda média. Durante a pandemia, a renda real da faixa de baixa renda diminuiu. Os programas de previdência social existentes são subutilizados por esse grupo e deveriam ser simplificados e divulgados para que possam ser mais facilmente acessados pelas pessoas que precisam deles. Além disso, mais dinheiro público deveria ser usado para expandir serviços iguais a grupos de baixa renda.
  • O autor propõe o plano "1+3+2" para o crescimento econômico potencial: Primeiro, "1" é desenvolver ainda mais as áreas metropolitanas; em segundo lugar, resolver as "3" maiores deficiências (ineficiência nas indústrias básicas, um grupo de renda média não suficientemente grande, e fracas capacidades de pesquisa básica e desenvolvimento); e finalmente é necessário incentivar os "dois" motores de crescimento econômico, a economia digital e o desenvolvimento verde.
  • É também importante estabelecer expectativas razoáveis para o desenvolvimento econômico. Quando o crescimento econômico desacelera, as pessoas podem ter dúvidas e críticas ao socialismo com características chinesas. É necessário fortalecer a fé do povo na estratégia global, bem como nas empresas privadas, o que é fundamental para promover a prosperidade comum.
Como o bloqueio tecnológico e os choques do Covid-19 desencadearam uma nova tendência de inovação na China
Guō Niánshùn (郭年顺)
Guo Nianshun é professor na Faculdade de Administração de Empresas da Universidade Capital de Economia e Negócios, cuja pesquisa se concentra em inovação, empreendedorismo, gestão estratégica, crescimento e competição corporativa, e governança e política industrial. Ele realizou pesquisas de campo nas principais indústrias manufatureiras e de alta tecnologia na China. Guo também participou em uma importante consultoria de estratégia e política encomendada pelos departamentos centrais, cobrindo tópicos como a estratégia de concorrência entre China e EUA, desenvolvimento da indústria de semicondutores, transformação e atualização industrial, fabricação inteligente, e internet industrial.

Contexto:

O esboço do Programa Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia a Médio e Longo Prazo (2006-2020), o principal guia da China para a estratégia de inovação independente, foi finalizado. Durante os 15 anos do programa, a China fez progressos significativos nos campos de ferrovias de alta velocidade, telas de semicondutores, transmissão elétrica em UHV, equipamentos de energia e baterias de nova energia. No entanto, muitas indústrias ainda estão bloqueadas por restrições tecnológicas impostas pelos Estados Unidos. Das sanções contra Huawei até a Lei de Ciência e CHIPS, e os últimos controles de exportação da Agência de Desenvolvimento Econômico do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, todos os sinais indicam um bloqueio tecnológico cada vez maior contra a China. Entretanto, as disputas e desafios comerciais causados pela Covid-19 proporcionaram uma nova janela de oportunidade para a inovação da China e aceleraram a aplicação doméstica das indústrias tecnológicas.

Pontos-chave:

Duas perspectivas sobre a evolução da inovação e os problemas a serem resolvidos na prática de inovação da China

  • Há duas perspectivas sobre a evolução da inovação na China: o lado da oferta e o lado da demanda. A primeira foca na produção de conhecimento tecnológico e capacidade organizacional, dominando a pesquisa internacional de inovação, e as práticas de inovação na China; enquanto a segunda está mais preocupada com a escala e os atributos dos mercados e dos usuários finais, desempenhando assim um papel complementar. A "inovação aberta", que ganhou mais ênfase nos últimos anos, ainda não equilibra o lado da oferta com o lado da demanda.
  • Atualmente, a maior resistência à inovação independente está cada vez mais do lado da demanda, do mercado e da aplicação dessa inovação. O governo tem encorajado as empresas estatais a comprar produtos nacionais nos setores petroquímico, energético e militar. No entanto, no que diz respeito aos produtos tecnológicos essenciais, as empresas domésticas são frequentemente tratadas como inferiores. No mercado cada vez mais aberto e competitivo, políticas devem ser implementadas para orientar os usuários a comprarem produtos nacionais, para que as empresas nacionais tenham oportunidades de melhorar a qualidade da inovação e provar que são competentes para competir no mercado internacional.

A nova tendência e a adaptação da inovação da China

  • O bloqueio tecnológico dos Estados Unidos e a Covid-19 proporcionaram involuntariamente oportunidades históricas para os produtos tecnológicos da China e criaram uma nova tendência. Os usuários na base da cadeia de produção são forçados a mudar para fornecedores domésticos. Sancionada pelos Estados Unidos em 2018, a Huawei foi forçada a recorrer à cadeia de fornecimento doméstico e a lutar pela "desamericanização" de seus produtos principais. Isso, por sua vez, criou oportunidades para muitas empresas chinesas. O surgimento da Covid-19 também levou as companhias de abastecimento médico domésticas a fornecer equipamento médico de qualidade e a atender a demanda urgente de máscaras e respiradores. A força e o potencial que as companhias chinesas demonstraram durante as interrupções da cadeia de fornecimento internacional foram significativas.
  • O governo chinês deveria maximizar o potencial e a força dos fornecedores domésticos em cada cadeia industrial, e promovê-los no mercado doméstico. O governo também deveria encorajar as empresas domésticas a atender a demanda contínua e urgente de tecnologias de médio e alto nível e apoiar a inovação tecnológica central dos produtores no topo da cadeia produtiva. Como o Presidente Mao ensinou, a China não deve se sentir intimidada por bloqueios; em vez disso, devemos buscar oportunidades e soluções a partir das dificuldades.

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