N.º 02 | 04.07.2021
Dez histórias compartilhadas por um reformador tardio: o que uma Huawei em ascensão significa para as maiores lideranças dos anos noventa?
Gao Shangquan
Gao Shangquan, ex-Diretor da Comissão Institucional da Reforma Nacional, morreu em 27 de junho de 2021, aos noventa anos. Ele dedicou sua vida à promoção da Reforma e Abertura, em como ao desenvolvimento da Teoria da Reforma. Ele participou do esboço dos seis documentos chave do Governo Central, o qual adotou muitas das suas propostas de reforma.
No fórum de 2014, Gao Shangquan compartilhou dez histórias pessoais sobre a Reforma. Seu discurso abrangeu uma série de questões centrais sobre a Reforma chinesa e revelou detalhes históricos da introdução de algumas das maiores decisões relativas a esta. Com casos da vida real, de Shenyang, Shanghai e Guangdong, ele ilustrou que uma economia planificada sozinha não funcionaria; ao invés disso, uma economia de mercado seria crítica para o desenvolvimento econômico rápido da China. Em 1993, Gao introduziu os conceitos de “mercado de capitais” e “mercado de trabalho” à política governamental, os quais melhoraram a base do sistema econômico de socialismo de mercado. Entre 1996 e 1997, houve muito debate sobre se a Huawei, uma empresa privada, havia se desviado do Socialismo. Depois de visitar a companhia de tecnologia de Shenzhen para pesquisa, Gao notou que a Huawei deveria ser considerada como um exemplo da Reforma, porque ela respondeu à questão: “O que é socialismo e como nós devemos construir o Socialismo?” Sem nenhum investimento governamental, a Huawei gerou o recolhimento vultoso de taxas e riqueza para o país e a sociedade, e assegurou o emprego de mais de 100 mil pessoas, enquanto seu quadro de funcionários compartilhou os frutos da Reforma e do desenvolvimento.
Antiga dignitária do governo central revela como o governo chinês toma decisões
Jiang Xiaojuan
Jiang Xiaojuan é membra do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, Diretora Adjunta do Comitê de Construção Social e Decana da Escola de Administração Pública da Universidade de Tsinghua. Anteriormente, ela foi Secretária-Geral Adjunta do Conselho de Estado e Diretora Adjunta do Escritório de Pesquisa do Conselho de Estado.
A professora Jiang Xiaojuan, que serviu na alta administração da China, nos dá uma visão geral acerca do processo de tomada de decisões de alto nível no país. Jiang pontua que nem todas as partes concordam em muitas decisões importantes, e que as decisões finais são frequentemente tomadas no topo depois de considerar todas as opiniões. Os principais líderes usam seu entendimento e determinação para dirimir as diferenças de opinião e resolver problemas. Jiang enfatiza a importância de experiências-piloto nos 40 anos de Reforma e Abertura da China; projetos-piloto permitiram ao país acumular experiência, testar os efeitos das políticas públicas, superar barreiras e reduzir a pressão. Os formuladores de políticas públicas dependem da experiência de acadêmicos e institutos de pesquisa, especialmente quando eles se sentem menos seguros sobre a situação atual e os resultados das medidas sob consideração.
Diplomacia do Lobo Guerreiro? O Ocidente simplesmente não está acostumado à ascensão da China
Wu Shicun
Wu Shicun é presidente do Instituto Nacional de Estudos do Mar do Sul da China e presidente do Centro de Pesquisa China-Sudeste Asiático sobre o Mar do Sul da China
Em uma entrevista de junho à emissora francesa TF1, Wu Shicun disse: “A interferência ocidental nos assuntos da Ásia e do Pacífico reflete em essência a falta de vontade do Ocidente de se adaptar à ascensão de um país não ocidental; os países ocidentais que enviam navios de guerra ao Mar do Sul da China é um exemplo perfeito”. Ele afirmou que a China não tem intenção de ser uma “ameaça militar” para o Ocidente. Em vez disso, o poder militar da China é consistente com seu crescimento econômico e com o aumento das relações internacionais. Wu também salienta que os EUA não devem forçar a China a seguir seus passos e padrões de comportamento como trajetória para o desenvolvimento. Os EUA devem aprender a viver em harmonia com outros países em um mundo mais multipolar.
A China iniciará um novo ciclo de crescimento econômico
Yao Yang
Yao Yang é professor no Centro de Pesquisa Econômica da China e reitor da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim.
O professor Yao Yang está otimista quanto à China poder esperar ver um novo ciclo de crescimento econômico nos próximos cinco a sete anos, com base em três argumentos. Primeiramente, desde 2012, os programas de ajuste econômico do gigante asiático – como a redução da capacidade de produção excessiva e a diminuição da alavancagem financeira – alcançaram seus objetivos. Em segundo lugar, uma política fiscal e monetária expansionista global impulsionará a recuperação econômica. Estima-se que a economia dos EUA crescerá de 6% a 7% este ano, o que irá acelerar o crescimento da China. Finalmente, a próxima onda de inteligência artificial, na qual a China é líder mundial, contribuirá grandemente para a economia global. Pelos cálculos do autor, a China ultrapassará os EUA até 2030, no máximo, para se tornar a maior economia do mundo.
A força motriz do boom cultural tradicional da China
Beijing Cultural Review ( Wénhuà zònghéng)
A Beijing Cultural Review ( Wénhuà zònghéng) é uma revista bimensal chinesa que apresenta comentários de alta qualidade. A revista é dedicada a rever a história e a cultura da China, reavaliando os principais valores ocidentais e explicando a visão do país sobre questões globais.
“Guofeng”, ou “estilo chinês”, tornou-se um fenômeno cultural notável, que se espalhou pela música, moda, animação e arte. O tradicional estilo de roupa Hanfu passou por um renascimento, e uma dança submarina televisionada retratando a antiga história da deusa do Rio Luo cativou o público nas mídias sociais. A autora apresenta diferentes perspectivas da tendência “Guofeng”: alguns dizem que o boom da cultura chinesa representa um “orgulho nacional” crescente, enquanto outros argumentam que o país deveria prosseguir com a modernização em vez de reavivar a cultura tradicional. O autor explica que a popularidade sem precedentes de “Guofeng” é liderada pelo governo e impulsionada pelo capital da indústria, novas plataformas de mídia (como o site de compartilhamento de vídeo Bilibili), e jovens com autoconfiança que se engajam ativamente, criam e promovem a cultura tradicional chinesa. O autor adverte contra permitir que Guofeng sirva como uma ferramenta para o capitalismo e o consumismo, e contra copiar o modelo ocidental de “hegemonia cultural”.

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